segunda-feira, 1 de julho de 2013

FRUSTRAÇÃO COM IGREJAS - UM MAL CRESCENTE E INCONTROLÁVEL



Nunca houve na história da igreja um movimento migratório tão intenso como o que ocorre em nossos dias. Hoje praticamente é impossível manter um rol de membros de qualquer igreja atualizado ou minimamente ajustado. Antigamente a migração se dava por motivos praticamente inexistentes hoje. Um membro trocava de igreja por causa de seu trabalho que o obrigava a deslocar-se de cidade ou porque um filho ia para uma faculdade e os pais, quando podiam, mudavam juntamente com ele. Basicamente o trabalho era o motivo principal. Mas agora vemos raramente alguém apresentar este motivo como causa de troca de igreja. Vivenciamos algo totalmente novo no meio cristão. Algo altamente destruidor, inibidor e falacioso. Penso que alguns fatores ajudam aumentar esta migração em forma exponencial.

1.   A Mobilidade Social 

A mudança de patamar de vida leva o indivíduo mudar sua escala de valores e então sua comunidade local não consegue entender ou acompanhar esta mudança e ai tal pessoa busca aquela igreja que preencha suas necessidades. Essa mobilidade social se dá principalmente através de conquistas na área educacional, financeira e mesmo a social. Um upgrade cultural pode deslocar completamente um indivíduo de seu meio por perceber que as bases mentais foram alteradas, criando assim um abismo cultural entre tal indivíduo e sua comunidade de fé. Novos interesses e necessidades são gerados ai a busca por algo mais elaborado se apresenta. A mudança é praticamente automática e irreversível. 

      2. Busca Por Pertencer a Uma Estrutura Grande

Muitos acham que se pertencerem a uma grande estrutura tanto física como populacional também se tornarão grandes. Ficam encantados com grandes edifícios e multidões. Julgam que este meio lhes proporcionará certo grau de realização pessoal. Julgam que todo o movimento proporcionado por grandes estruturas será suficiente para gerar uma melhoria interna e a transformação que tanto anseia. Esquecem-se que nestes movimentos de massa com grandes estruturas a tônica presente é a desumanização e massificação do individuo. Tornam-se números e nada mais. Os cultos tornam-se impessoais e a tendência é que guetos sejam formados para que a sobrevivência aconteça.

As estruturas são grandes de verdade mais o indivíduo se apequena cada vez mais. Assim neste meio que a princípio tudo é atrativo e luminoso a frustração se apresenta porque fica evidente que pequenos grupos  próximos às lideranças significativas recebem as benesses e a maioria é alijada do processo. Isso é fator de migração no meio cristão.

3. Promessas Não Cumpridas

As pesquisas recentes apontam como um fator preponderante para a migração as promessas de prosperidade oferecidas pelas igrejas de massa e que nunca foram e nem serão cumpridas. O indivíduo atraído por promessas miraculosas de prosperidade e cura ou mesmo de encontrar o amor de sua vida, entram para tais igrejas e ali confiando no que é dito passam a ofertar quantias significativas de dinheiro na esperança de verem seus sonhos realizados. Durante algum tempo a pessoa é iludida e tem sua esperança renovada por pronunciamentos encorajadores, mas rapidamente percebe que as coisas não mudaram e sim pioraram. Veem seus líderes enriquecerem e apresentarem um padrão muito acima do normal e eles acomodam na condição de fontes de financiamento de tal sistema. A frustração é algo inevitável nestes ambientes e consequentemente a migração é seu corolário. 

           4. Busca Por Revelação e Poder de Deus

É incrível como as pessoas se recusam a crescer diante de Deus. Aprendem alguma coisa da Palavra sobre Deus e seu poder e depois iniciam uma busca frenética por ambiências que proporcionem o que esperam. Passam a julgar se um culto é espiritual ou não através de manifestações diferentes ou pela intensidade de revelações espirituais. Acham que pessoas específicas detêm poderes diferenciados cura, libertação e revelação e ai enchem auditórios e levam consigo uma avidez surpreendente. Chegam a acreditar, mesmo contra todo bom senso e a Palavra de Deus, que uma rosa ungida, uma toalha suada de um apóstolo ou um cajado cheio de um óleo qualquer terão poder de mudar toda uma existência conturbada e desequilibrada. Em muitas ambiências é incentivada a expulsão de demônios para provar que o pregador tem poder sobre o mundo espiritual. O pregado tornar-seOne Man Show. Tais pessoas quando entram em uma igreja que não reza pela mesma cartilha em que foram educados ou doutrinados, dizem que ali não existe o poder de Deus ou os cultos são frios. Não conseguem mais se alegrar quando um pecador se arrepende e é alcançado pela graça de Deus.

Quando acontece de alguma luz brilhar na mente daqueles que buscam poder e revelações, então migram frustrados para outras comunidades buscando recomposição espiritual e pessoal.

            5. Escândalos Sexuais e Financeiros

Nesses movimentos de massa a grande característica é o isolamento da liderança. Isso é algo altamente prejudicial, pois tais líderes passam a ser suas próprias referências. Começam ver outros famosos fazerem coisas estranhas e sem crítica alguma introduzem as mesmas coisas em suas comunidades levando seu povo ao um desequilíbrio quase que irrecuperável. Buscam referencia em líderes com comportamentos extravagantes e acham isto normal. Acolhem e praticam tais comportamentos, pois querem a mesma visibilidade que os outros têm. Além disso, muitos se julgam acima do bem e do mal. Acham que são especiais para Deus e alguns pecados serão relevados pelo Criador. Aventuram-se a cruzar as linhas dos limites estabelecidos pela Palavra, achando que somente desta vez não terá problema. Mas esquecem de que Satanás é o primeiro incentivar e o último a esconder. Quando o pecado é praticado o primeiro a puxar a cortina e mostrar a nudez do líder é o próprio Diabo.

Os escândalos aparecem e quem tem um pouco de equilíbrio nestes meios de massa vêm–se desprotegidos, traídos e totalmente frustrados. A migração torna-se a única opção para tais pessoas.



Poderia escrever mais sobre os fatores da migração, mas quero falar um pouco sobre suas consequências.

As consequências da migração são funestas em muitos casos.

1.   Aqueles que se veem frustrados nestas igrejas, de massa ou não, buscam outras igrejas, grandes ou não, mas chegam tão decepcionados que se tornam membros inúteis. Julgam que todos os líderes são iguais e possuem os mesmos interesses e visão do Reino de Deus. Posicionam-se friamente fora da vida de sua nova comunidade achando, muitas vezes, que logo, logo aqueles que estão na igreja vivenciarão o que eles viveram no passado. Fecham-se por completo para sua nova ambiência e se recusam a ser produtivos novamente.

2.   Não conseguem superar os traumas do passado. Não conseguem virar a página de sua história de vida e vivem num processo autofágico de repaginação da vida. A igreja onde sou pastor, por excelência, tem recebido em sua membresia pessoas frustradas com o sistema. Tenho dito para tais irmãos que eles podem vivenciar uma grande chance de mudança e visão de vida, mas que certamente nunca conseguirão doar para a igreja nem 10% do que fizeram em sua antiga comunidade de fé. E para minha tristeza tenho visto que este meu modo de pensar é uma máxima com raríssimas exceções. Alguns depois de meses conseguem se desvencilhar das malhas das decepções, frustração e traição sofridas e se abrem novamente para graça de Deus, experimentando um novo momento de vida, mas são poucos.

3.   Tornam-se juízes de tudo e todos. Passam a criticar tudo e todos como se tivessem alcançado um patamar superior de vida. Muitas vezes demostram desprezo para uma nova comunidade porque viveram algo desastroso no passado e sentem medo de viverem novamente, tornando-se assim em juízes. Normalmente agem com desconfiança em sua nova comunidade de fé. Parecem que pisam em ovos. Sentam-se nos bancos de trás da igreja. Não se incomodam em dizimar, mas não querem ser incomodados com nenhuma nova demanda em suas vidas. Preferem o anonimato. São pessoas talentosas, com grandes capacidades, mas que simplesmente abdicaram de tudo isso por causa das frustrações vividas no passado. 

4.   Essa migração desordenada traz consigo uma diluição de doutrina nas igrejas locais. Essa migração proporciona todo tipo de conceitos dentro das igrejas. Várias pessoas veem de igrejas diferentes e trazem consigo doutrinas diferentes que julgam verdadeiras e não estão dispostas a repensar tais ensinamentos e consequentemente comportamentos apreendidos. Creio que uma possível solução seria a criação de uma classe de nivelamento para receber esses novos irmãos advindos de várias denominações. Assim, seriam instruídos sobre o viver de sua nova comunidade de fé e suas crenças e valores. Consequentemente a aceitação de tais irmãos se daria no longo prazo. Creio que um ano no mínimo.

De fato a migração no meio cristão, sem motivos sérios, tem levado a um retrocesso na vida da igreja. Com tal processo a igreja vive algo como em corrida de carros “Stop and Go”. Para e avança, para e avança. É um fenômeno que teremos de conviver com ele ao longo da vida e creio que no curto prazo não teremos solução para ele.  

Resta-nos lutar para que Deus nos conceda graça e que possamos ajudar tais irmãos a se recuperarem de seus traumas e a viverem novamente a benção do convívio eclesiástico sadio.



Extraído do Blog: Força Para Viver

sábado, 26 de janeiro de 2013


O CARNAVAL E A IGREJA
“Pensem nisso, pois: quem sabe que deve fazer o bem e não o faz comete pecado”
Tiago 5.17 (NVI).

Estamos a poucos dias do carnaval. O carnaval é a festa mais popular do Brasil, mexe com o país de norte a sul, direta ou indiretamente todos sofrem a influência desses dias, independente de posição social, cultura ou religião.

A razão de ser o carnaval a festa mais popular está no sangue do brasileiro, que é um povo festeiro, alegre e hospedeiro. Essas características do brasileiro é a razão maior para que turistas do mundo inteiro afluam para o nosso país para desfrutarem da alegria carnavalesca, que é popular até mesmo nas pequenas cidades, mas é no Rio e em Salvador que se pode encontrar maior número de turistas estrangeiros e turistas domésticos que se dirigem para essas cidades, motivados pela efervescência do carnaval, e até mesmo, para desfrutarem das belezas e das peculiaridades dessas cidades. O Rio é a “Cidade Maravilhosa”, onde o mar, os morros e a mata se encontram, oferecendo uma paisagem sem igual; Salvador a cidade de todas as raças e crenças, onde é possível se viver várias culturas em um mesmo dia.

Embora sendo o carnaval essa festa tão popular, no entanto, é também um evento bastante controverso, pois ao mesmo tempo em que irradia alegria, aponta para uma realidade nefasta, pois toda a festa é embalada por bebidas, drogas e até mesmo pelo sexo livre. Atitudes que comprometem não só a segurança dos carnavalescos bem intencionados, mas de toda a população vez que esta se sente vulnerável, pois a bebida e a droga tiram o senso crítico de qualquer cidadão, levando-o a ser o que não é.

A propaganda da Brahma diz: “No carnaval você pode ser quem você quiser (...) no carnaval meu amigo você pode ser o que você quiser”, isso, ainda que não seja a intenção do criador da frase, mas é sim, um apelo à desordem em nome da alegria. É também, uma grande farsa, pois cada pessoa é única, independente de seu estado de consciência, salvo, no entanto, pessoas que apresentam distúrbios de comportamento.

Qual deve ser a posição da Igreja mediante essa realidade?  Parece-me que nós como igreja somos devedores ao mundo, porque na maioria das vezes agimos como críticos ferrenhos, mas não cumprimos o nosso papel de promover um evangelismo saudável e contínuo, e, ainda, como se não bastasse é nossa tradição nesses dias promovermos retiros, não só para jovens, mas para a igreja como um todo, sob a alegação que estamos tirando os jovens do meio dessa balburdia.

Ora não sou contra os retiros, pois tenho participado constantemente, no entanto, não posso negar que nesses retiros não reservamos um só minuto para orar por aquelas pessoas, que em nome da alegria carnavalesca estão se entregando à bebida, às drogas e ao sexo livre, ou até mesmo orar pelas famílias que são vitimas desses exageros, pois algumas perdem seus entes queridos de forma brutal, sem qualquer explicação, pois tal violência foi motivada por bebidas e drogas.

O carnaval e os retiros evangélicos são realidades que nunca serão mudadas em nosso país, mas como igreja, devemos assumir atitude de responsabilidade, participando dos retiros sim, mas não esquecendo a ordem de Deus “orar pela cidade, pois é na paz da cidade que teremos paz” (Jeremias 29.7).

Quero encerrar lembrando que a igreja está no mundo para ser a luz do mundo e ninguém acende uma lâmpada e esconde, mas antes coloca no lugar alto para iluminar a casa toda (Mateus 5.15), logo quando nos afugentamos deixamos de cumprir o nosso papel e a sociedade sofre.

Pr. Lurdeo Moura

domingo, 9 de dezembro de 2012

Muito bom este texto do Pr. José  Mendonza Aguilera.

ESPIRITUALIDADE E EMOÇÕES
No inicio da vida crista é comum escutarmos a frase “minha vida espiritual” que muitas vezes leva consigo uma conotação bastante ascética. De forma inconsciente, muitos se sentem desafiados a tornarem-se inimigos daquilo que se considerava uma “vida mundana”
Nesta categoria mundana estão catalogados elementos como a cultura, a moral, a vida social, o lazer etc. Desse modo o ser humano sofre uma cisão e sua vida cotidiana é fragmentada o que conduz a

viver numa corrente de desintegralização em uma continua frustração confrontado com sua humanidade.
Para suportar e viver esta fragmentação a igreja durante séculos tem se dedicado a orientar o cristão a dedicar-se a prática ascética das conhecidas e diversas disciplinas espirituais, as quais se tornam novas leis que passam a definir os comportamentos e as práticas religiosas que, para alguns, além de serem marcas de espiritualidade são definidoras para o desenvolvimento de um elevado grau de espiritualidade e permitem o correto relacionamento com Deus.
Jesus, a encarnação da realidade humana é o perfeito modelo da espiritualidade. Os evangelhos relatam o Deus-Homem nas ruas da Palestina junto com seu povo, vivendo a perfeição do relacionamento espiritualidade-humanidade. Olhando para Jesus descobrimos que, embora tenha praticado o jejum e a oração no inicio do seu ministério, não são estas as exigências que Ele coloca para um bom desenvolvimento do crescimento cristão. Ele os aprova, mas não são estas exigências legais que Ele aponta para que produzam este crescimento. É a espiritualidade de Jesus que se observou no seu dia a dia e no seu no relacionamento com a pobreza e com a riqueza, com a fome e com a abastança, com o povo e com as autoridades politicas e religiosas.
Sem discutir a validade das disciplinas espirituais tem na vida do cristão e como a história da igreja tenha mostrado isso através de homens e mulheres na prática das mesmas, não devemos esquecer o fator humano, da vida ou da encarnação da vida no dia a dia, como Jesus o fez.

Na caminhada ministerial de Jesus vemos a sua espiritualidade-humanidade desde o momento da sua gestação e nascimento. É no processo normal da criação que “o Verbo se fez carne” ( Joao:1:14), pois foi uma mulher que teve dores no parto e que “deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura (Lucas 2:7). É inevitável não pensar numa criança que nasce sendo um bebe coberto de sangue envolvido numa placenta e nos fluidos corporais envolvidos no parto. Não se pode deixar de não observar a sua preadolescência na procissão a Jerusalém, quando perdeu-se dos pais por quase 4 dias. Alguns anos mais tarde, vemos Jesus divertindo-se, sim, divertindo-se numa festa de casamento junto aos seus amigos e ainda providenciando o vinho para que a festa não acabasse.
Na espiritualidade de Jesus não haviam cisões, nem dicotomias. Suas emoções estavam presentes de forma natural em sua espiritualidade como em sua humanidade, expondo-as como nos momentos de raiva diante das injustiças que os seus irmãos sofriam. Observamos isso na purificação do templo ou quando desafiou Herodes: “Ide, e dizei àquela raposa” (Lc13:32). São impactantes os momentos da despedida de Jesus com os seus discípulos, nos quais ele reconhece e ensina sobre a vida que tiveram juntos: “E vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações”(Lucas 22:28)
O Senhor da História teve seu momento especial e de particular importância na caminha de espiritualidade. A sua espiritualidade-humanidade manifesta-se em sua vida em um momento de profunda angústia e depressão diante da vontade do Pai. Os evangelistas descrevem este momento como agônico, depressivo, com cheiro de morte, pois o texto informa que “posto em agonia, orava mais intensamente. Seu suor tornou-se grandes gotas de sangue que corriam até ao chão (Lucas 22:44) fruto dos sentimentos da sua alma, como são expressos pelo evangelista Marcos: “A minha alma está profundamente triste até a morte”. (Marcos 14:34).
Um dos seus seguidores escreveria mais tarde: “ De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” ( Filipenses 2:5). É o sentimento da encarnação. “O verbo se fez carne, Ele habitou entre nós”. Outro seguidor escrevia “O vimos, o apalpamos, o contemplamos o ouvimos” era a espiritualidade-humanidade entre os homens.
Ouso dizer que a espiritualidade crista, segundo Jesus, é viver a humanidade de forma expressiva. É sentir e viver o corpo; é sentir e viver a emoção. A espiritualidade crista é ser gente, é viver a vida, sentir que sou o invólucro da graça de Deus e como tal tenho que encarnar a realidade da vida onde estou – o mundo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012


A NECESSIDADE DO MUNDO

Um antigo mito grego nos conta a história do rei Sísifo. O rei foi sentenciado pelos deuses a rolar uma pedra até ao topo da montanha eternamente. Cada vez que ele estava próximo ao topo a pedra rolava montanha abaixo e era necessário recomeçar o seu trabalho do ponto zero, ou seja, do sopé até o topo novamente. Não importa o quanto ele trabalhava, no projeto dos deuses ele estava condenado ao fracasso eternamente.
Albert Camus, o existencialista francês, reivindicou que tudo da vida é simplesmente isso: fútil e sim propósito. Trabalhamos e pensamos que temos objetivos, mas estamos condenados a viver a de futilidades. Aproximadamente 125 anos antes Camus o americano Henry David Thoreau disse que a maioria dos homens vive vida de desesperação, sofrendo no silêncio o sue próprio desespero. Até mesmo William Shakespeare, no século dezesseis e dezessete, reivindicou que “a vida era um conto narrado por um idiota cheio de ruído e fúria, não significando nada”.
As perguntas que se faz são: Há uma resposta cristã para essa visão pessimista?  O cristão pode oferecer uma resposta positiva para aqueles que buscam um propósito na vida? A resposta deve ser um sonoro “SIM!”. Mas infelizmente muitos cristãos vivem a vida como se esta fosse governada pela sorte e não pelo o Soberano Deus, Criador de todas as coisas e Senhor absoluto.
Essa visão distorcida nos prova que a maioria dos cristãos do século XXI carece de um encontro real com o Senhor. Sem esse encontro a vida é vista na visão de Shakespeare, e infelizmente a igreja se torna apática e indolente no cumprimento de sua missão, qual seja “proclamar o evangelho em toda a terra”.
A igreja deve avaliar a sua posição e perceber o quanto ela avançou nos últimos 2000 anos. De um punhado de crentes temerosos e de um salão saiu para alcançar o mundo com a mensagem transformadora do evangelho, mas é verdade que ainda temos muito o que fazer. Nossa missão vai além do que simplesmente apregoar a Palavra. Agostinho expressava: “Se não podes ensinar com teu exemplo, por favor, não ensine”, o que isto tem a nos ensinar ora não somos repetidores (papagaios) do que ouvimos, precisamos viver o que pregamos, pois só assim seremos o sal da terra e a luz do mundo, e então mostraremos para a geração presente que em Deus a vida tem um sentido real, não é um conto de fada ou um jogo de cartas marcadas.
Esta geração de salvo tem a missão de oferecer ao mundo uma visão de mundo que responda aos questionamentos da presente geração. Precisamos despertar para necessidade que o mundo tem de nós. Se fizermos a nossa tarefa, a próxima geração de crentes poderá transformar o mundo, através de uma visão coerente, de um esforço produtivo e de uma paixão em levar o evangelho pleno a toda a criatura, poderá mudar o mundo, levando multidões a reconhecerem Cristo como Senhor de suas vidas.
Vamos aceitar o desafio, o momento é agora, não importa se somos muitos, lembramos que há dois mil anos o mundo estava afundado em densas trevas e Jesus chamou poucos homens que comprometidos com Cristo levaram o evangelho a todo o mundo civilizado da época. E na idade média, quando novamente o mundo estava submergido em trevas Deus levantou um pequeno número de reformadores que de forma ousada, lutando contra tudo e contra todos fizeram a mensagem do evangelho conhecida em toda a Europa, e dali para o mundo.
Pessimismo e futilidade têm uma vez mais contida o mundo no que parece ser uma luta para morte. Onde estão os homens e mulheres que aceitarão o desafio dessa geração? Pode ser que para isso Deus tenha te chamado. Levante mãos-a-obra, a nossa luta é contra a esperança e a futilidade, entre o propósito e a falta de sentido.
Deus conta contigo.
Pr. Lurdeo Moura
26.11.2012

quinta-feira, 15 de novembro de 2012


O CULTO CRISTÃO

Há mais de 15 anos li um livro intitulado: “CULTOS E PANACEIAS”, onde o autor (Pr. Mauro Clementino) apresenta 10 características da música que honra a Deus. E a partir daquele tempo tenho procurado estudar sobre o culto cristão, e infelizmente, tenho observado que a cada dia que passa mais e mais a igreja se distância dos princípios da Palavra de Deus, bem como das tradições que nos foram legadas pelos pais da igreja, no que diz respeito ao culto cristão.

Quero continuar este texto questionando será que todo o culto que temos participado ou assistido nos últimos dias poderão ser chamados de “culto cristão”?  Se este questionamento fosse feito de forma pessoal, não tenho dúvida que a resposta seria mais ou menos essa: “lógico, se fomos à igreja, se cantamos, se oramos e lemos a Bíblia, logo o culto foi oferecido ao Senhor”.

A resposta parece lógica e coerente, mas, no entanto, não é, pois o culto cristão é muito mais do que ritualismo. O culto cristão é o ato mais importante, mais relevante e mais glorioso na vida do homem. Nas palavras de A.D. Müller, “o culto cristão é a forma mais vívida, mais palpável, mais central e simples da presença de Cristo”. Essa presença só é perceptível através da fé, pois assim como sem fé é impossível agradar a Deus, sem fé também é impossível perceber a presença de Cristo no culto. Não importa o quanto cantamos, quanto pulamos ou se a música é de boa qualidade, só sentiremos a presença de Cristo no culto, se nos aproximarmos com fé e com coração limpo.

O culto tem uma função muito significativa, pois é através dele que a Igreja tem a oportunidade de demonstrar a sua verdadeira natureza. É no culto que a vida da igreja se expressa e torna visível ao mundo. É no culto que a Igreja dá provas de si mesmo; é nele que reside o seu centro. Vale dizer que é a ele que somos levados quando verdadeiramente buscamos a Igreja. É através do culto que a Igreja se encontra com o mundo, a fim de exercer a sua missão, ou seja, é no culto que a Igreja clama e intercede pelo mundo. É no culto que a Igreja é lembrada que há milhões de perdidos que precisam ouvir a mensagem da Salvação. É no culto que a Igreja é levada a meditar no sacrifício vicário de Cristo, e este, principalmente por ocasião da ceia, ou eucaristia, como alguns preferem.

É através do culto, ou no culto, se assim achar melhor, que a igreja tem a oportunidade de expressar o verdadeiro louvor a Deus, bem como expressar o verdadeiro sacrifício ao Senhor (Rm 12.2). Ora, se o culto nos oferece essa oportunidade, então se faz necessário preservar a distinção entre o sagrado e o profano. Essa distinção, em nossos dias, tem sido desprezada. E quem assim age usa dos mais frágeis argumentos, tais como: “fiz-me de tudo para ganhar alguns” (I Co 9.22), ou ainda “Deus derrubou a parede da separação” (Ef 2.14). Isso é no mínimo baratear a Palavra de Deus, fazendo a sua própria hermenêutica, com único objetivo de dar vazão ao egoísmo ou ao estrelismo que é tão próprio do ser humano.

É no momento do culto que a diferença entre o sagrado e o profano deve ser mais acentuada, mas infelizmente isto não acontece na igreja moderna, porque já é possível encontrar culto de máscaras em algumas comunidades, em outras se celebram dois cultos um para o público jovem e outro para o público adulto, isso é no mínimo uma discrepância sem precedente, ora o culto é o momento do fiel com o seu Salvador e não o momento para agradar um público e desagradar outro.

Quando lemos os salmos que, na verdade, são hinos de exaltação a Deus, podemos perceber que o salmista não faz qualquer diferença entre o público que se reúne para exaltar ao Senhor, todos, de forma uníssona são chamados a entrarem pelas portas do templo com hino de louvor e nos átrios com cânticos de vitória.

No Salmo 148 toda a criação é convidada a louvor a Deus. Nos versos 11 e 12 o convite é direcionado aos homens: “Reis da terra e todos os povos, príncipes e todos os juízes da terra; rapazes e donzelas, velhos e crianças. Que louvem o nome do Senhor, pois o seu nome é exaltado; a sua glória está sobre a terra”. Mais uma vez toda a raça humana é convidada a louvar a Deus, sem se importar para faixa etária, além do que, o salmista nos apresenta os motivos do louvor: 1) o seu nome é exaltado; 2) a sua glória está sobre a terra.

Quero concluir com um conselho de Inácio de Antioquia: “Procurai, pois, reunir-vos com maior frequência para Eucaristia e o louvor de Deus. Porque, vos reunirdes amiúde para isso, defaz-se o poder de satanás e, por causa da harmonia da vossa fé, se dissolve por completa a ameaça de perdição que ele faz pesar sobre vós”.

Pr. Lurdeo Moura
15.11.2012




quarta-feira, 7 de novembro de 2012


A VERDADE ESTÁ SENDO SUBSTITUÍDA
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”
João 8.32

Até os dias do Iluminismo, a verdade era considerada absoluta, objetiva e correspondente direta da realidade. Esta assertiva começa a mudar a partir das especulações de Immanuel Kant. A dúvida epistemológica de Kant era tão poderosa que deixou marcas indeléveis na visão ocidental da verdade.
Sem a possibilidade de uma epistemologia[1] firme para discernir a verdade, o pensamento ocidental está sendo arrastado num mar de confusão. O perigo dessa inconsistência é que a civilização pós-moderna, nossa civilização, vive sem um ponto de referência pelo qual seja capaz de determinar o que é verdadeiro e o que é falso, o que é certo e o que é errado, o que é importante e o que é trivial. Certo e errado são determinados pela preferência de cada indivíduo.
Em razão dessa balbúrdia epistemológica, a nossa sociedade convive com a pluralidade religiosa, o que em primeira mão diríamos ser benéfica, pois a igreja de Cristo na terra é chamada para ser o sal da terra e a luz do mundo (Mateus 5.13-14) e os seus líderes para serem despenseiros dos mistérios de Deus e considerados honestos diante dos homens (I Coríntios 4.1-2), mas infelizmente isso não tem acontecido. A igreja, se consciente ou não, tem descuidado dos princípios da Palavra de Deus, em busca de um crescimento, que nem sempre é saudável. Crescimento saudável é aquele que é fundamentado na Palavra de Deus e não no modismo que estamos vivendo. 
Esse caos epistemológico tem invadido a igreja. As verdades e os fundamentos bíblicos têm sido deixados para trás, e em razão disso muitos pastores inescrupulosos traem, mentem e pregam qualquer coisa, sem se importar com os fiéis, pois estão em busca de seus interesses, e na defesa destes exploram os menos favorecidos, e chutam a ética, se é que sabem o que é “ética”, pois eles mesmos fazem suas éticas. Vivemos numa época em que a ética se tornou obsoleta.
Onde não existe ética, não há valores humanos nem base para demonstrar amor. Segundo Moberly: “Um princípio fundamental do Antigo Testamento é que ética é a imitação de Deus” (Levítico 19.2). Não é de nos surpreender que Deus em sua santidade exige de seus seguidores que estes vivam tal qual Ele é: Santo, Ético e Verdadeiro.
Em II Timóteo 2.3, o apóstolo Paulo nos adverte sobre o caráter dos homens desta época, e devo salientar que não se refere a homens ímpios, mas àqueles que se dizem ministros de Deus e pregadores da Palavra da Verdade, mas infelizmente a verdade é o que não se prega, pois na ganancia de ganhar tornam-se verdadeiros charlatões, que exploram a fé dos fiéis, como promessas que nunca se cumprem e campanhas que nunca terminam; como alguém disse à igreja: “esta é uma campanha eterna, nunca acaba”. O único objetivo dessa campanha é manter os incautos fiéis aos cultos. Quem assim age, age a revelia da Palavra de Deus, pois se formos analisar o caráter desse pregador encontraríamos uma série de atitudes que conflitam com a verdade do evangelho.
É urgente que voltamos ao nosso princípio, procurando ler a Palavra de Deus, como a única verdade, e que não pode, em hipótese alguma, ser manipulada a nosso bel-prazer. Não podemos fazer hermenêutica que atendam nossos propósitos escusos e antiéticos, que nos favoreça em nossos sonhos eclesiásticos.
Voltar ao princípio é voltar conscientemente ao encontro de Deus, pedindo perdão de nossos erros, pois brevemente haveremos de prestar contas diante dele, e não esqueçamos da alerta exarada em Apocalipse 22.18-19, pois nenhum de nós queremos trabalhar em vão. A verdadeira recompensa de Deus.
Pr. Lurdeo Moura






[1] Ciência do conhecimento

sexta-feira, 1 de julho de 2011

CUIDANDO DE VINHA ALHEIA

Em Cantares 1.6, encontramos uma jovem, que embora fosse amada e admirada pelo rei, como uma das mais belas que conhecia se sentia infeliz, pois fora obrigada a trabalhar sol-a-sol, para cuidar de vinhas que não lhe pertenciam. Ela reclama “A vinha que me pertence não cuidei”.

O texto nos leva a entender que a moça estava revoltada, pois trabalhara incansavelmente, para atender aos caprichos de seus irmãos, de forma tal que não teve tempo para cuidar de sua beleza. A sua tez estava queimada do sol, tornara-se morena e agora era alvo de crítica entre as demais donzelas, e como que desesperadamente pede que não a mirem, pois não tivera tempo de se cuidar, como fazem as demais mulheres.

Esta história se repete em nossos dias, em toda a igreja do Senhor, e principalmente entre os líderes, pois muitas vezes nos envolvemos com tanta coisa, que a leitura da Palavra e a oração diária ficam esquecidas, pois assumimos lugar que não é nosso, estamos cuidando de vinhas alheias, e esquecemos da nossa.

Paulo orientado a Timóteo, assim expressa: “Tem cuidado de ti mesmo...”. A primeira vinha a ser cuidada é a nossa vida, não só espiritual, mas também física, pois quantos líderes (pastores) não se preocupam com a sua saúde, e dizem de forma irresponsável “a minha vida está nas mãos do Senhor, pois estou fazendo a sua obra”. É verdade que Deus tem o domínio sobre todo universo, logo tem também domínio sobre nossa vida, mas isso não nos exime de cuidar da nossa saúde física e espiritual, dando a cada uma a alimentação que lhe é devida, na hora certa e na medida exata.

A falta de cuidado próprio tem levado muitos a danos irreversíveis. Chega um determinado tempo e olham para trás e dizem como a moça “a minha vinha não cuidei”. Sofrem o desgosto de verem seus filhos por caminhos difíceis, enquanto os filhos dos fiéis, que por ele foram cuidados estão firmes desenvolvendo, muitas vezes, um ministério profícuo na obra do Senhor.

Voltamos para nossa própria vinha. Cuidamos de nós; cuidamos de nossa formação; cuidamos da nossa casa, e quando chegar a canseira dos anos poderemos dizer: “CUIDEI DA MINHA VINHA”.